Alberto Bins e Granja Progresso

Alberto Bins e  a  Granja Progresso

Alberto Bins, filho do alemão Matias José Bins, que tinha uma Alfaiataria na Rua da Praia, nasceu em Porto Alegre em 1869. Estudou em São Leopoldo e na Alemanha, trabalhando como aprendiz industrial na Siderúrgica Krupp. 

Após a morte do pai, sua mãe assumiu os negócios da família, posteriormente tornando-se diretora da Bins & Friedrichs. Assim o jovem Alberto Bins iniciava suas atividades comerciais como sócio de Miguel Friederichs, que negociava artigos de ferro. Em 1891, inicia sua atividade industrial com a compra da Fábrica Berta, que produzia fogões e cofres, na qual permaneceu à frente até sua morte. Em 1897, funda a União de Ferros com Bromberg e Daudt, deixando-a em 1904, quando assume sozinho a direção da Fábrica Berta. 

Em 1905, Bins investe na atividade agropecuária e se torna sócio de seu cunhado Oscar Löwen na Granja Progresso, propriedade rural situada às margens do Rio Gravataí, atualmente Cachoeirinha.

A Granja Progresso produzia vinho, madeira, banha e criava gado, porém, sua principal atividade era o cultivo de arroz. O plantio de arroz ocupava de 100 a 400 hectares da propriedade. Alberto Bins também foi um pioneiro na atividade agropecuária, pois instalou o primeiro banheiro carrapaticida do tipo de aspersão no Estado e introduziu gado de raça, melhorando a produção leiteira da região, embora sua obsessão fosse o cultivo de arroz. 

Em junho de 1926, como presidente da Associação Comercial de Porto Alegre e arrozeiro, atuou de forma decisiva para fundação do Sindicato Arrozeiro do Rio Grande Sul, que reunia os arrozeiros para melhor defender suas reivindicações junto ao Governo Estadual. 

Em 1927, o Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul tenta classificar o arroz exportado mediante a cobrança de uma taxa, a qual foi declarada ilegal. Por isso, a entidade foi transformada no Instituto do Arroz do Rio Grande do Sul, sendo oficialmente reconhecida pelo Governo Estadual em maio de 1938. Neste mesmo ano, Alberto Bins trazia para Granja Progresso um técnico e orizicultor de Cachoeira do Sul, para fundar e organizar uma Estação Experimental, a qual foi incorporada ao patrimônio da entidade, visando o desenvolvimento técnico da orizicultura no Estado. 

Finalmente, o Instituto do Arroz do Rio Grande do Sul foi transformado em uma autarquia estadual e todo seu patrimônio foi entregue ao Governo Estadual, inclusive a Estação Experimental. Em 1946, o Instituto do Arroz do Rio Grande do Sul passou designar-se Instituto Rio Grandense do Arroz - IRGA.
Alberto Bins, o político e seu legado

A vida política de Alberto Bins não foi menos brilhante que sua vida privada. Na juventude filiou-se ao Partido Republicano Rio Grandense - PRR, na época presidido por Júlio de Castilhos, o qual foi amigo de seu pai. Em 1894, recebeu de Júlio de Castilhos a patente de major da Guarda Nacional, mas nunca participou da vida militar.

Entre 1908 e 1912 foi conselheiro municipal de Porto Alegre e depois se elegeu por quatro mandatos consecutivos como deputado estadual. Em 1924, elegeu-se vice-intendente de Porto Alegre, na chapa de Otávio Rocha, assumindo como intendente após a morte deste último. 

Em agosto de 1928, foi eleito efetivamente intendente, porém a Revolução de 1930 extinguiu seu mandato. Foi reconduzido ao cargo pelo interventor do Rio Grande do Sul, General Flores da Cunha, onde permaneceu até a intervenção federal decorrente do Golpe de 1937.

Durante o período que esteve à frente da administração de Porto Alegre, Alberto Bins concluiu a abertura da Avenida Borges de Medeiros, pavimentou com cimento as faixas de acesso entre os bairros e o centro da cidade, ampliou o serviço de saneamento básico e abastecimento de água, canalizou a rede de esgotos e águas pluviais e expandiu a iluminação elétrica pública aos bairros de Belém Velho, Belém Novo e Tristeza, os quais continuavam ainda com a iluminação de querosene. Contudo, o maior feito de Alberto Bins enquanto intendente de Porto Alegre foi a organização e realização da Exposição do Centenário Farroupilha, que atraiu visitantes de todo Brasil e de diversas partes do mundo. 

Após o Golpe de 1937, Alberto Bins retirou-se da vida pública. Velho e esgotado, voltou a dedicar-se à sua empresa. Faleceu cego, em sua residência, na Vila Cristoffel, no Moinhos de Vento, em 20 de abril de 1957.