A Emancipação e os Emancipadores

Cachoeirinha: de vila à cidade


Nas três primeiras décadas do século XX, Ponte da Cachoeira era a denominação que constava nos registros de nascimento das pessoas que nasciam em Gravataí, próximo à ponte sobre o rio Gravataí. Nesta época, Cachoeirinha era um povoado formado por algumas propriedades espalhas ao longo da estrada de Gravataí, atualmente Avenida Flores da Cunha. 
Entre os moradores mais conhecidos podemos citar: Lydio Batista Soares, filho do Coronel João Batista Soares da Silveira e Souza; Carlos Antônio Wilkens, Francisco Silveira Martins e João Brochado Smith, os quais eram genros deste Coronel; Frederico Augusto Ritter, proprietário da Granja Esperança e da Fábrica Ritter e, por último, Alberto Bins, proprietário da Granja Progresso.
A partir de 1941, iniciou a urbanização da região com o loteamento de uma área denominada Vila de Cachoeirinha, sendo formada por quatro ruas: a Tamoio, a Tabajara, a Tapajós e a Tupi (atualmente Papa João XXIII), sendo que estas ruas se uniam, formando uma picada que dava acesso às chácaras das Famílias Fonseca, Brito, Zabala, Cunha, Fontoura e Souza. Outras famílias moravam na Vila de Cachoeirinha, como a Família Cavalli e Santos e, pouco tempo depois, vieram morar e trabalhar em Cachoeirinha as Famílias Teixeira, Guimarães e Silveira. Na década de 50, chegaram à cidade as Famílias Prior, Zanchetta, Roxo, Sbardelloto e Ulmann.
Estas famílias, através de muita luta, trabalho e mobilização, foram as responsáveis pela fundação e construção das mais importantes entidades e instituições como o Rancho da Saudade, a Sociedade Esportiva de Cachoeirinha - SEC, ,a Igreja da Boa Viagem, a Igreja São Vicente de Paulo - Matriz, bem como as primeiras escolas estaduais Rodrigues Alves, Roberto Silveira, Daniel de Oliveira Paiva e Mascarenhas de Moraes, e, ainda, os primeiros loteamentos. Os descendentes dos colonizadores, pioneiros e imigrantes, lideraram e participaram do movimento de emancipação de Cachoeirinha.
Na década de 50, Cachoeirinha tinha um comércio formado por armazéns, farmácias, padarias, confeitarias, bares, churrascarias, sapatarias, madeireiras, bem como um expressivo número de profissionais liberais como advogados, corretores, contadores, médicos e dentistas. O parque industrial contava com duas grandes empresas: Conservas Ritter e Liquid Carbonic, além de outras dezenas de pequenas fábricas de funilarias, esquadrias, olarias e serralherias. Na época, a atividade agrícola estava voltada para a produção de hortifrutigranjeiros e a criação de gado leiteiro e de corte, por isso, havia dois grandes matadouros e alguns tambos de leite, sendo principal o da Família Brambilla. 
Diante do acelerado crescimento econômico e populacional de Cachoeirinha, a Câmara Municipal de Gravataí através da Lei N° 3, de 7de junho de 1957, criou o Distrito de Cachoeirinha, estabelecendo a Subprefeitura de Cachoeirinha que já contava com uma subdelegacia, um posto de controle e uma agência dos Correios.
Em 1959, as primeiras reuniões de estudos pela emancipação de Cachoeirinha são realizadas na Casa de José Teixeira. A Comissão era presidida por Oscar Martinez, sendo formada por Libório Kramer, Manoel Eugênio Monteiro Guimarães, José Teixeira, Beno Niderauer, Nicanor Cardoso Alves, Albino Marques de Souza e Rui Teixeira. O movimento não teve adesão da população e esvaziou-se. 
Entre 1960 e 1961, a segunda comissão iniciou seus trabalhos, sendo presidida por Manoel Eugênio Monteiro Guimarães e faziam parte da comissão Oscar Martinez, Beno Niderauer, Nicanor Cardoso Alves, Albino Marques de Souza, Rui Teixeira, Libório Kramer, Cassul Figueredo de Andarade, Guilherme Ullmann, José Garcia Rocha. Na primeira reunião estiveram presentes os deputados estaduais Osmani, Onil Xavier e Athaide Pacheco como convidados especiais. Este movimento também não foi vitorioso. 
Em 1965, criou-se o terceiro movimento pela emancipação de Cachoeirinha. Na época, Cachoeirinha tinha uma representação política expressiva na Câmara de Vereadores de Gravataí, composta por três vereadores: José Prior, do Partido Social Democrático - PSD, Osvaldo Correia, do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, Martinho Espíndola, da União Democrática - UDN e o vice-prefeito, Rui Teixeira. 
O vereador José Prior teve conhecimento que estava se esgotando o prazo de entrada de processo de aprovação e criação de novos municípios junto à Assembléia Legislativa Estadual, por isso, procurou Rui Teixeira e depois foi falar com Padre Jeremias sobre a importância da emancipação de Cachoeirinha. Com a adesão do Padre Jeremias, o movimento tomou forma e força, pois o pároco apresentou a proposta de emancipação durante a missa e, à noite, reuniram-se no porão da Igreja Matriz para formar a comissão. A terceira comissão foi constituída da seguinte forma: Rui Teixeira, presidente de honra; Natálio Schlain, presidente e um dos primeiros loteadores do município; José Prior, vereador e comerciante; Padre Jeremias, líder da campanha e Guilherme Ulmann, líder comunitário.
O movimento contou com a participação decisiva da Associação dos Vicentinos, Apostolado da Oração e muitos outros moradores que se encarregaram pelo abaixo-assinado para a realização do plebiscito. Realizado o pleito e elaborado o processo, este foi encaminhado e aprovado pela Assembléia Legislativa Estadual, criando assim, o município de Cachoeirinha através da Lei N°5.090, de 9 de novembro de 1965.