Nossas Origens

Os Donos da Terra


Antes da chegada dos espanhóis e portugueses ao Rio Grande do Sul, a região era habitada por povos primitivos designados equivocadamente de índios pelos europeus. Os principais grupos que aqui viviam eram: Minuano, Charrua, Tape, Coroado, Arachane e Carijó.

O norte do estado foi ocupado por um grupo de origem Gê que foi designado como Guaianás, mas também era chamado de Botocudos ou Coroados, e, por último, de Kaingángs.

Os Guaranis que habitavam os Vales do Taquari e do Jacuí eram designados de Tape. Os Guaranis do litoral norte ficaram conhecidos como Carijós e os que viviam nas áreas da várzea da Laguna dos Patos eram conhecidos como Arachane.

Os Minuanos e Charruas que viviam no sul do estado eram os dois únicos grupos autóctones da região.

As Dezoito Reduções do Tape e os Sete Povos 


As terras do Rio Grande do Sul estavam a oeste do Tratado de Tordesilhas, portanto pertenciam à Coroa Espanhola, a qual não possuía um projeto claro de interiorização para suas colônias. Por isso, a importância do trabalho dos padres jesuítas na formação das Missões dos Trinta Povos entre 1611 a 1644 na região do Rio da Prata, sendo construídas 18 missões em território sul-rio-grandense. 

Nesta época, o Brasil estava sob domínio espanhol (1580  1640), sendo este período também conhecido como União Ibérica. Com isso, o Tratado de Tordesilhas tinha perdido o sentido, o que abriu muitas possibilidades aos colonos portugueses de enriquecer, principalmente aos pauperizados moradores da Vila de São Paulo de Piratininga  núcleo irradiador dos bandeirantes.

Os bandeirantes corriam os sertões atrás de ouro, diamantes e esmeraldas, porém, o único negócio certo e rentável naquele momento era a caça ao índio, tornando as missões jesuíticas o principal alvo dos bandeirantes. Após inúmeras incursões militares dos bandeirantes, as missões jesuíticas acabaram abandonadas, sendo dezenas de milhares de índios escravizados para suprir a falta de escravos africanos nas lavouras de cana-de-açúcar no nordeste do Brasil, principalmente durante a ocupação holandesa. 

Após a destruição dos Trinta Povos, as terras gaúchas foram praticamente abandonadas, possibilitando a formação de sua maior riqueza natural: o gado xucro. Dessa forma, motivou-se o retorno dos jesuítas, os quais reorganizaram sete missões no estado, formando assim os Sete Povos das Missões. Na mesma época, os portugueses retomavam suas incursões em terras gaúchas, visando a prea do gado xucro, iniciando assim o tropeirismo.

Os tropeiros necessitavam de ranchos que servissem de apoio durante o período de prea do gado vacum, cavalar e muar, por isso a formação de diversas benfeitorias como ranchos e casebres junto às poucas fazendas que existiam na rota dos tropeiros, iniciando assim a ocupação do Vale do Gravataí, que remonta à primeira metade do século XVIII, quando a Coroa Portuguesa iniciou a política de concessão de sesmarias, a qual se intensificou com a chegada dos açorianos a partir da segunda metade do século XVIII.

Em 1750, as Coroas de Portugal e Espanha firmaram o Tratado de Madri, o qual previa a entrega das Missões aos portugueses pelos espanhóis, em troca da Colônia de Sacramento (Uruguai). Porém, a resistência dos índios guaranis e dos padres jesuítas desencadeou a Guerra Guaranítica (1750-1753) contra as Coroas Ibéricas. Ao final do conflito, os padres jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, e a grande maioria dos índios que sobreviveu à guerra foi conduzida pelos espanhóis para a outra margem do Rio Uruguai, no lado espanhol. Entretanto, um grupo de famílias guaranis permaneceu em Rio Pardo sob a tutela portuguesa, mas em 1762, estes índios foram trazidos para Aldeia Nossa Senhora dos Anjos, pois os portugueses temiam uma invasão castelhana e que estes índios se tornassem um contingente militar contra Portugal.

Em 1763, os índios guaranis chegaram à Aldeia Nossa Senhora dos Anjos, sendo os primeiros anos um tempo de fome e pobreza aos guaranis, os quais provocaram muitos problemas aos colonos e prejuízos à Fazenda Real da Província que respondia pelo seu sustento. 

A situação foi revertida com a chegada de José Marcelino no cargo de governador da Província de Rio Grande de São Pedro, que buscou organizar a Aldeia Nossa Senhora dos Anjos e o sustento dos guaranis, visando sua auto-suficiência. Entre 1769 e 1780, desenvolveram-se lavouras e benfeitorias como moinho, forno, padaria, armazém, olaria, açougue, engenho e duas escolas (uma para meninas e outra para meninos guaranis). Além disso, os guaranis tinham uma estância em Mostardas com aproximadamente 10.500 cabeças de gado vacum e dezenas de cavalos e mulas. Rapidamente, a Aldeia Nossa Senhora dos Anjos se tornou um núcleo agropastoril produtivo e competitivo, despertando a preocupação dos colonos e a ambição das autoridades. Com o fim da Era Pombalina e a demissão de José Marcelino a população guarani declinou. 

A partir de 1781, os índios guaranis foram paulatinamente expropriados de suas terras, benfeitorias e rebanhos. Em 1803, a Real Fazenda extinguiu a administração da Aldeia Nossa Senhora dos Anjos, coincidindo com o momento em que os portugueses conquistaram e consolidaram sua presença nas Missões, estendendo seus domínios até as margens do Rio Uruguai, onde se instalavam inúmeras estâncias e charqueadas que careciam de mão-de-obra.


A Capitania de Rio Grande de São Pedro do Sul


Em 1809, a província de Rio Grande de São Pedro era dividida administrativamente em quatro vilas: Rio Grande, Rio Pardo, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre, sendo Gravataí uma das freguesias pertencentes a Porto Alegre. Em 1880, Gravataí é elevada à vila e sede de município e somente em 1938 é instituída como cidade.

Historicamente, Cachoeirinha integra um espaço onde a ocupação portuguesa remonta ao período colonial, mas somente nas primeiras décadas do século XIX a região foi ocupada com a instalação da “Fazenda dos Batista”.

Em 1814, João Batista Soares da Silveira e Souza, nascido na Freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Vila de Velas, na Ilha de São Jorge, Arquipélago dos Açores, naquele momento residente na Aldeia Nossa Senhora dos Anjos, reivindicou uma sesmaria em Sapucaia, porém, recebeu uma sesmaria entre o Rio Gravataí, a estrada de Sapucaia,  as terras dos Pachecos e o Arroio Brigadeiro, as quais compõem hoje aproximadamente o território e os limites do Município de Cachoeirinha.