Frederico Ritter e a Granja Esperança

Frederico Ritter e a Granja Esperança

Em 21 de setembro de 1879, nasceu Frederico Augusto Kessler Ritter, em São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, filho de Henrique Fuchs Ritter e Pauline Geyer Kessler.

Seu avô, Georg Heinrich Ritter, pouco tempo depois de imigrar para o Brasil, em 1846, produziu a primeira cerveja do estado, precisamente no atual município de Linha Nova, tornando-se assim o primeiro cervejeiro do Rio Grande do Sul.
Frederico Ritter começou a trabalhar muito jovem na Cervejaria de Henrique Ritter, localizada no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A cervejaria ficava no subsolo da casa de Henrique, localizada na rua Miguel Tostes, na época denominada Rua Esperança, curiosamente o mesmo nome dado ao seu futuro empreendimento: Granja Esperança. 

O Jovem Frederico Ritter sonhava em estudar na Europa, onde pretendia aprender o ofício de mestre cervejeiro. Com muita dificuldade e sacrifício Frederico Ritter desembarcou na Europa com vinte e dois anos. Ao chegar na Alemanha trabalhou em diversas cervejarias como aprendiz de mestre cervejeiro. Em 1902, Ritter conclui o curso de mestre cervejeiro na Escola de Cervejeiros "BRAUERAKADEMIE MÜNCHEN", trabalhando mais alguns meses na Europa e depois retornando a Porto Alegre, em 1903. 

Ao chegar ao Brasil, com uma excelente formação e grande experiência no ramo cervejeiro, Ritter percebeu que a cervejaria da família se encontrava antiquada. Impulsionado pelo seu espírito empreendedor, convenceu seu pai a investir em uma nova fábrica, nascendo assim, a Cervejaria Henrique Ritter & Filhos, a qual era considerada a fábrica de cervejas mais moderna do Rio Grande do Sul na época.

Em 27 de julho de 1907, Frederico Augusto Ritter casou-se com Olga Ritter Becker, prima em segundo grau e filha do fundador da Cervejaria Becker de Porto Alegre. Frederico e Olga tiveram quatro filhas. No ano seguinte, Ritter comprou uma grande área de terra em Cachoeirinha, a qual denominou de Granja Esperança, na época pertencente ao município de Gravataí. 

Ritter se afastou da Cervejaria Ritter & Filhos, onde era sócio com os irmãos e o pai para fundar a fábrica RITTER ALIMENTOS, no dia 27 de julho de 1919, pois foi a data em que ele transferiu-se com a família para Granja Esperança.
Frederico Ritter e o seu pionerismo

Primeiramente, a Granja Esperança dedicou-se à criação de gado leiteiro e à produção de laticínios, visando atender a demanda de Porto Alegre e região. Apesar da proximidade de Cachoeirinha com a capital na época, a precariedade das estradas inviabilizava a regularidade de abastecimento e comprometia a qualidade dos produtos. Por isso, a única alternativa foi desenvolver uma linha de produtos industrializados não-perecíveis de conservas e doces. O êxito desta nova etapa da Fábrica Ritter foi garantido com o conhecimento e a experiência adquirida por Frederico Augusto Ritter na Europa.

As primeiras décadas da Fábrica Ritter foram muito difíceis devido à falta de infra-estrutura, como estradas e portos, o que gerava grandes atrasos e perdas no escoamento da produção e no recebimento de matéria-prima, principalmente o açúcar, além das próprias dificuldades impostas pela Segunda Guerra Mundial.

Em 1940, Ritter convidou seu sobrinho Frederico Werner Hamann para auxiliá-lo na empresa. Um ano depois, convidou seu genro Fritz Bernhard Beiser para assumir a gerência da empresa. O senhor Fritz Bernhard Beiser, casado com Vilma Ritter, concluiu seus estudos, inclusive seu doutorado na Alemanha, onde nasceu e viveu até 1933, quando migrou para o Brasil.

Pouco antes de falecer em 17 de junho de 1951, Ritter transformou a Fábrica Ritter em uma sociedade por quotas, garantindo a continuidade do empreendimento e a permanência da família à frente da empresa. Com isso, o senhor Fritz Bernhard Beiser, genro de Ritter, tornou-se seu sucessor e gerente geral, e o seu sobrinho Frederico Werner Hamann, gerente administrativo. Desta forma, a Fábrica Ritter, uma firma individual, foi sucedida pela “Indústria de Conservas RITTER Ltda.”

Em 28 de março de 1966, a “Indústria de Conservas Ritter Ltda.” transforma-se em uma sociedade anônima com a denominação “Conservas RITTER S.A. Industrial, Agrícola e Comercial”, tendo como seu Diretor-Presidente Fritz Bernhard Beiser, cargo que ele ocupou até 1976, quando veio a falecer. Neste momento assumia a empresa a terceira geração da família.

Quando a empresa completou 80 anos, em 1° de julho de 1999, a Câmara dos Vereadores de Cachoeirinha realizou uma sessão solene no auditório do Centro das Indústrias, onde reuniram-se descendentes do fundador, diretores e funcionários da empresa, bem como autoridades do município de Cachoeirinha. 

Em 2005, a razão social da “Conservas Ritter S.A.- Industrial, Agrícola e Comercial” foi modificada para “RITTER Alimentos S.A.”. Atualmente, a empresa é administrada pela quarta geração e localiza-se na Avenida Frederico Augusto Ritter, nº 2700, no Distrito Industrial de Cachoeirinha, ocupando uma área de aproximadamente 50 hectares. A RITTER Alimentos S.A tem uma diversificada linha de produtos de geléias, doces, barras de cereais, produtos para indústrias de confeitarias e preparados de frutas para lacticínios entre outros, consolidando sua posição como uma das maiores indústrias do gênero no Brasil. 

Desde sua fundação, a RITTER alimentos S.A. tem aliado tradição com qualidade e competividade, expressando na plenitude o espírito empreendedor e pioneiro de Frederico Augusto Ritter em nossa cidade e estado.